Saúde
O uso do Ozempic causa osteoporose e osteopenia?
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Especialista pontua a possível relação entre medicamentos à base de semaglutida e a saúde dos ossos
O uso de medicamentos à base de semaglutida, como o Ozempic, tem ganhado destaque não apenas no tratamento do diabetes, mas também como auxiliar no emagrecimento. No entanto, relatos nas redes sociais trazem à tona uma discussão importante sobre os possíveis efeitos colaterais desses medicamentos na saúde óssea.
Como ocorreu com a cantora Avery, que relatou ter sido diagnosticada com osteoporose e osteopenia após um ano de uso do Ozempic, levantando questionamentos sobre a relação entre o medicamento e essas condições.
A osteoporose e a osteopenia são doenças que enfraquecem os ossos, aumentando o risco de fraturas. No caso da cantora, o diagnóstico veio dois meses após a interrupção do uso do medicamento. A repercussão do caso nas redes sociais reacendeu o debate sobre os possíveis impactos do Ozempic na densidade óssea. Mas será que o medicamento é realmente o responsável por essas condições?
Diferença entre osteoporose e osteopenia
Antes de explorar a possível relação entre o Ozempic e a saúde óssea, é fundamental compreender as diferenças entre osteoporose e osteopenia, duas condições que afetam a densidade óssea, mas em estágios distintos.
Segundo Alessandra Rascovski, endocrinologista e diretora clínica da Atma Soma, a osteopenia é considerada um estágio inicial de perda de massa óssea, onde os ossos se tornam mais fracos do que o normal, mas ainda não atingiram o grau de fragilidade característico da osteoporose. “Nessa fase, a densidade mineral óssea está abaixo do esperado para a idade, mas não tão reduzida a ponto de causar fraturas com facilidade. A osteopenia pode ser um sinal de alerta para o desenvolvimento futuro de osteoporose, especialmente se não forem adotadas medidas preventivas”.
Já a osteoporose é uma condição mais grave, na qual os ossos se tornam porosos e extremamente frágeis, aumentando significativamente o risco de fraturas, mesmo com impactos leves ou quedas simples. Essa fragilidade ocorre devido a uma perda acentuada de densidade óssea e alterações na microarquitetura do osso, que comprometem sua resistência.
“A osteoporose é mais comum em idosos, especialmente em mulheres após a menopausa, devido à redução dos níveis de estrogênio, hormônio que desempenha um papel importante na manutenção da saúde óssea. No entanto, ambas as condições destacam a importância de monitorar a saúde óssea ao longo da vida, adotando hábitos saudáveis e, quando necessário, buscando orientação médica para intervenções adequadas”, pontua a especialista.
Fatores além do medicamento
De acordo com a endocrinologista, é preciso considerar diversos fatores antes de atribuir a osteoporose e a osteopenia ao uso do Ozempic. “O pico de formação de massa óssea ocorre até os 30 anos. Então, pode ser que, neste caso, houvesse alguma deficiência prévia nessa formação durante a infância ou adolescência, que era desconhecida ou que pode ter contribuído para o desenvolvimento”, explica.
Alessandra ressalta que a densitometria óssea, exame que identifica complicações como essas, geralmente é realizada a partir dos 30 anos. “Muitas vezes, esses quadros já estão em desenvolvimento antes mesmo de serem diagnosticados. Além disso, outros fatores, como problemas hormonais, uso excessivo de corticoides ou irregularidades menstruais, podem influenciar na saúde óssea”, complementa.
A médica também destaca que existem ainda poucos estudos que mostram uma relação entre o uso de medicamentos à base de semaglutida, densidade óssea e maior risco de fraturas. “Uma pesquisa pré clínica em ratas com osteoporose mostrou melhora da microarquitetura óssea, enquanto outro estudo que vem avaliando 64 pacientes, homens e mulheres, com osteopenia, associa o Rybelsus, uma versão oral da semaglutida, ao aumento da reabsorção óssea, o que poderia aumentar osteopenia, contudo sem resultados estatisticamente significantes”, afirma.
A importância do acompanhamento médico
Um ponto crucial é a necessidade de acompanhamento médico durante o uso do Ozempic ou de qualquer medicamento semelhante. “A perda de peso significativa, que é um dos efeitos do remédio, já é uma causa reconhecida para levar à redução da densidade óssea. Por isso, é fundamental associar o tratamento à prática de exercícios físicos, especialmente os que envolvem carga, para fortalecer os ossos”, explica.
A falta dessa orientação profissional durante o uso do medicamento acaba dificultando a identificação e o manejo de possíveis riscos à saúde, “o que pode levar a complicações que poderiam ser evitadas com um monitoramento mais cuidadoso”, alerta.
Tanto a osteopenia quanto a osteoporose têm tratamento, que inclui a suplementação de cálcio e vitamina ou outros medicamentos específicos. Além disso exames como a densitometria óssea e o índice FRAX, que calcula o risco de fraturas osteoporóticas, são ferramentas importantes para o diagnóstico e acompanhamento dessas condições.
Outros fatores de risco para o desenvolvimento das condições incluem alimentação inadequada, menopausa, tabagismo, diabetes, hiperparatireoidismo e deficiências hormonais. Conforme dados do Ministério da Saúde, as complicações dessas doenças podem levar a dor crônica, deformidades, perda de independência e até aumento da mortalidade.
“Enquanto estudos científicos continuam a investigar os efeitos da semaglutida no organismo, a mensagem principal é clara: o uso de qualquer medicamento deve ser feito com orientação médica e acompanhamento regular”, conclui a endocrinologista.
Sobre a Atma Soma
Liderada pela endocrinologista Alessandra Rascovski, a Atma Soma tem foco na prática da medicina de soma, unindo várias especialidades em prol dos pacientes, respeitando a sua individualidade e oferecendo a ele uma vida longa e autônoma.
A clínica conta com um time de médicos e profissionais assistenciais de diversas áreas como endocrinologia, urologia, ginecologia, nutrição, gastroenterologia, geriatria, dermatologia, estética, medicina oriental e ayurveda, com olhar dedicado à prática do cuidado focado no eixo neurocognitivo, metabólico e hormonal.
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